A poesia falada é apresentada para grandes plateias é isso não é um fato novo, porém, a grande diferença é que hoje a poesia falada (Spoken Word) se apresenta para o povo e não para uma elite — estamos falando do Spoken Word. Essa palavra surgiu em Chicago, em 1984, e hoje a Poetry Slam, como é chamada, é uma competição de poesia falada que traz questões da atualidade para debate...
Nas apresentações de slam o poeta é performático e só conta com o recurso de sua voz e de seu corpo.

A poetry slam, também chamada “Batalha das letras”, tornou-se, além de um acontecimento poético, um movimento social, cultural e artístico no mundo todo, um novo fenômeno de poesia oral em que poetas abordam criticamente temas como racismo, violência, drogas, entre outros, despertando a plateia para a reflexão, tomada de consciência e atitude política em relação a esses temas.
As batalhas ou os eventos de poesia falada em Angola, normalmente acontecem em Luanda, ainda não existe um campeonato nacional, as batalhas passam por etapas ao longo do ano, dependendo da organização, as competições normalmente são compostos de três fases até ao vencedor, escolhido por jurados da plateia ou meio por uma equipa específica, o vencedor é premiado com livro, dinheiro em alguns casos e é muitas competições fazem catapultar o vencedor para uma outra competição, quem vence Vence o Muhatu por exemplo, participa automaticamente no Luanda Slam. O poeta (slammer) Países como Brasil, Portugal o vencedor de um Campeonato de Spoken Word tem o acesso a Copa do Mundo de Slam, realizada todo ano em dezembro, na França.
O Slam, então, é como um grito, uma atitude de resistência que visa o externar e o compartilhamento dos sentimentos.
Poesia Slam e periferia Certamente o fazer poético nas periferias por pessoas que foram sistematicamente excluídas dos meios de produção cultural está na contramão da política de exclusão. Ao produzir sua forma de arte, a periferia já não é mais dormitório da classe trabalhadora subalterna, mas lugar de encontro e resistência, onde é possível detectar transformações segundo as necessidades da comunidade.
A particularidade da prática da poesia slam está justamente na sua organização e dinamização local em primeira instância, com um público interessado e que participa da comunidade, frequentando as associações ou locais de carácter cultural onde os eventos são realizados. Da competição local, feita a partir de 3 participantes até 10 ou 12 por noite, para uma reunião que dura de 90 a 120 minutos, com um número ímpar de jurados, passa-se a uma competição regional ou nacional para finalmente chegar a eventos internacionais de batalhas de poesia, onde as regras permanecem as mesmas ou pouco alteradas. É necessário apenas a poeta e sua poesia autoral.
No palco, apenas a voz e o corpo como performance, sem adereços ou música. As formas de organização evoluem de pequenas iniciativas a um evento internacional e provam que essa modalidade de poesia cria uma comunidade. Os slams específicos, criados para comunicar um certo tema e delinear o público, como o slam feito só por mulheres, ou os que fazem poesias anti-racistas, assim como aqueles contra a globalização. Esses espaços de poesia são antes de tudo um espaço de encontro e debate em torno de temas que são caros aos participantes, entre poetas e público. Com efeito, a poesia slam é uma modalidade de escrita e performance marcada, sobretudo, por uma dimensão política e de resistência. Constituída por um material poético e artístico híbrido, trata-se de uma forma de arte que permite o reconhecimento de diferentes formas de saber e de estar no mundo.
A palavra falada torna-se uma ferramenta de auto-determinação de comunidades marginalizadas que podem encontrar ouvintes que compartilham problemas semelhantes.
De acordo com Michael Warner (2002), além da relação conflituante com o público dominante, esses espaços de contra-público subalternos esperam construir uma alternativa aos paradigmas dominantes e não apenas replicar seu estatuto subalterno (2002, p. 118 e 119).
Nesse sentido, os contra-públicos são arenas onde os membros podem formar e re-imaginar suas identidades. Enquanto forma de arte democrática, o slam encontra raramente barreiras. Situada na intersecção entre arte, movimento e momento, essa prática poética oral é um dos veículos de expressão das atuais periferias dos grandes centros urbanos europeus, habitados por pessoas de diversas origens geográficas, carregando uma mestiçagem cultural e linguística próprias dos encontros coloniais.
Entretanto, como pode deixar
a imaginar, os contra-públicos e os poetas não são exclusivamente de
comunidades marginalizadas, o público possui diversos backgrounds e todos são
bem-vindos e aceites: Em vez de ser organizado exclusivamente por e para
pessoas marginalizadas, a poesia slam parece ser organizada por um valor
compartilhado da diferença, expresso principalmente pela performance da
identidade e sua recepção . (Susan Somers-Willett, 2014:3)
Enviar um comentário