OS PERÍODOS DA LITERATURA
ANGOLANA
Antes mesmo da independência de Angola, a literatura já se firmava
como uma importante arte. Os escritores angolanos ajudaram a criar a ideia
de soberania do
povo, fomentando um sentimento de autonomia e ajudando a
promover novos movimentos intelectuais.
Assim, podemos dizer que a literatura teve um papel de suma importância, uma vez que a palavra literária desempenhou, em Angola, um importante papel na superação do antigo estatuto do colonialismo, presente em campanhas libertárias, e ajudando a promover o pensamento crítico entre os angolanos.
Quer entender melhor a importância da literatura e saber mais sobre os Períodos da Literatura Angolana ? Continue lendo este post.
O livro marcou uma época,
sendo considerada a primeira obra de incipiente literatura angolana.
Primeira geração: finais do
século XIX, princípios do século XX, até 1930
Ao longo de quase toda a
metade do século XIX, Angola assistiu ao nascimento de inúmeras publicações,
como o Boletim Oficial, fundado em 1845.
Entre 1845 e 1880 nasceram
inúmeros periódicos nos quais os europeus usavam a tribuna para defender seus
interesses.
Assim como a maioria dos
intelectuais da época, muitos eram, ao mesmo tempo, jornalistas e escritores,
como Alfredo Trony, que marcou seu nome na literatura angolana com a novela
“Nga Muturi”, publicada, primeiro, em formato de folhetim na imprensa de
Lisboa, e, quase 100 anos depois, reunida em formato de livro.
“Nga Muturi” foi
um marco na literatura angolana e também é considerado um importante
documento cultural e sociológico, por retratar uma época de referência da vida
em Luanda.
Os primeiros contos
angolanos surgiram de jornalistas escritores que marcaram o início da produção
literária local.
O primeiro periódico editado
por angolanos foi “O Hecho de Angola”, de 1881, abrindo caminhos para a
imprensa africana, caracterizada por publicações redigidas ora em kimbundu, ora
em português. Deste primeiro período,
podemos destacar dois escritores angolanos. Pedro de Félix Machado, com a
publicação da novela “Cenas d’África”, o livro de sonetos “Sorrisos e
Desalentos” e dois monólogos “Beijos” e “Uma Teima”.
E Cordeiro da Matta, autor de inúmeras obras, também atuou desde novelas até etnografias, com destaque para “O Arauto Africano” e o “Farol do Povo”, além do “Ensaio de Dicionário de Escrita” e “A História de Angola”.
SEGUNDA GERAÇÃO: DE 1930 A 1945
É chamado o período de “quase
não literatura”, com destaque para raríssimos nomes, como o do advogado,
dicionarista e romancista Assis Júnior e também do pesquisador e escritor Óscar
Ribas.
Neste período, o controlo de
Portugal estava maior sobre suas colônias africanas, especialmente por já ter
perdido outras do Oriente e também o Brasil.
Por isso, houve uma
intensificação das prisões dos escritores e dos pensadores e também o
fechamento de inúmeros periódicos, tornando impossível que a literatura se
desenvolvesse.
Terceira geração: de meados
dos anos 40 até 1961
Com o despontar da luta
armada, nasceram as gerações da “Mensagem” e da “Cultura”, sendo este um
dos momentos privilegiados de imposição do processo literário face à ordem
cultural colonial.
Um dos nomes importantes
entre os escritores angolanos desse período foi Carlos Sormenho. Iniciando sua
atividade literária com temas que revelam a vida das sociedades tribais,
publica livros de contos Ngári.
Contudo, a grande novela do
autor foi “Terra Morta”, publicada pela primeira vez no Brasil em 1949 – obra
em que o autor aborda as relações dos colonos com os africanos.
Outro nome de destaque é
Lília da Fonseca, que inicia sua carreira como periodista e poetisa em “A
Província de Angola”. Publicou sua primeira novela em 1944, chamada “Panguila”,
retratando de forma fiel a sociedade colonial da época.
Assim, a partir do
surgimento de páginas literárias dominicais, como “A Província de Angola” e o
“Diário de Luanda”, começam a surgir os jovens escritores.
Porém, é só a partir de
1948, com o movimento “Vamos Descobrir Angola”, iniciado por Viriato da
Cruz, com a publicação da revista “Mensagem”, que começamos a ter uma
verdadeira literatura angolana.
Nesse movimento se
concentraram importantes expoentes da intelectualidade nacional, buscando
reconsiderar o conjunto da realidade angolana.
É nessa época que vemos
nascer movimentos como o MNIA, o da Cultura, e o da CEI, além de outras
contribuições importantes como o das Edições Imbondeiro e de Sá da Bandeira.
Nesse período, o
neorrealismo se cruza com a Negritude, com a descompressão da política
internacional a seguir à II Guerra Mundial.
O contexto favorece também o surgimento de uma vontade de libertar-se da política colonial e da cultura alienada do meio africano. Assim, começa a nascer uma atividade marcada pelo forte desejo de emancipação.
QUARTA
GERAÇÃO: DE 1961 ATÉ 1975
É aqui que temos a geração
da guerrilha e a de 70, além dos escritores que gramaram no Tarrafal.
Em 1961, tem início a luta
armada de libertação nacional. Um dos nomes de destaque dessa época é Luandino
Vieira, ganhador do Grande Prémio de Novelística com Luuanda, quando o autor se
encontrava preso por “atividades terroristas” no Tarrafal, em Cabo Verde.
Grande parte da literatura
angolana descreve as lutas nacionais que ocorreram no território. Fonte: MPLA.
Este facto começa a colocar
Angola no círculo internacional e o nome de Luandino desponta junto de
Agostinho Neto, um dos escritores mais conhecidos da época em Angola.
Nessa época, temos 3
tipos de escritores angolanos: 1) os que escreviam no país colonial; 2) os que
escreviam fora do país e 3) os que viviam em zonas de guerrilha, com destaque
para Pepetela.
Contudo, Pepetela só publica nos anos 70 e os seus primeiros livros foram escritos em Lisboa e Argel – por isso a chamada literatura de guerrilha foi pouco significativa, com destaque, nesse período, para “Aventuras de Ngunga”.
QUINTA
GERAÇÃO: DE 1972 A 1980
Essa é a época da
independência de Angola e os escritos são marcados, após a independência, por
uma intensa exaltação patriótica, natural e pela apologia ao novo
poder.
Outro marco desse período
foi a criação da União de Escritores Angolanos (UEA), criada em 10 de dezembro
de 1975 a partir da assinatura de 32 escritores estatutariamente designados de
“membros fundadores”.
O primeiro presidente da mesa da Assembleia Geral foi Agostinho Neto, também o primeiro presidente de Angola.
SEXTA GERAÇÃO: DE 1981 A 1993, CHAMADO DE “RENOVAÇÃO”
Teve início em 1981 com a
formação da Brigada Jovem de Literatura. No início, a Brigada se mantinha
com o apoio estatal, mas depois partiu em busca de autonomia decisória e
estética. O seu principal objetivo era preparar jovens para o trabalho
literário no país.
É a partir daí que nascem
obras consideradas “incômodas” para o poder político atual, como Mayombe, de
Pepetela, escrito ainda durante a guerrilha.
Nos anos 80, vemos surgir
um surto literário, principalmente por meio das brigadas jovens de
literatura, tornando-a mais expansiva entre esse mesmo público e propondo outra
reinvenção temática e novos modelos estéticos.
Nesse período também vemos o
surgimento de uma “geração da revolução ou das incertezas”, com a consolidação
nos anos 90.
É a primeira vez que visito este blog, realmente tem conteúdo interessante.
ResponderEliminarMuito bom, sbaeria onde consigo encontrar os textos mencionados nas primeiras gerações de escritores angolanos? Post muito interessante, visitarei o blog mais vezes!
ResponderEliminarGostei de saber
ResponderEliminarEnviar um comentário