15 livros de introdução à Literatura Africana
Em outubro, tivemos a presença de duas escritoras nigerianas no clube: a curadora do mês foi Chimamanda Ngozi Adichie, que indicou o livro As alegrias da maternidade, de Buchi Emecheta, autora que nunca havia sido publicada no Brasil. A indicação inspirou a palestra “TAG livros: Chimamanda e a literatura africana”, que aconteceu na 63ª Feira do Livro de Porto Alegre com as presenças de Jéferson Tenório, escritor e mestre em literaturas luso-africanas, e Gustavo Lembert, diretor de Produto da TAG.
Ao final da palestra, Jéferson recomendou 15 livros que considera fundamentais para quem deseja ter uma introdução à literatura da África, que, conforme ele ressaltou, trata-se de um continente muito diverso e plural. Abaixo, a lista completa de obras escolhidas por ele:
1. Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie
2. O primeiro amor é sempre o último, de Tahar Ben Jelloun
As narrativas de O primeiro amor é sempre o último são baseadas nos contos de As mil e uma noites e na vida dos magrebinos. As histórias abordam temas como a incompreensão, a solidão, o amor e a dor. Lendárias e triviais, falam da dificuldade de comunicação entre o homem e a mulher árabes.
3. O outro pé da sereia, de Mia Couto
No centro do romance, dividido em dois momentos históricos, está a imagem de uma santa católica que encanta e perturba a todos que se aproximam dela. Em 1560, essa é a estátua que acompanha o jesuíta Gonçalo da Silveira da Índia em direção à atual região entre o Zimbábue e Moçambique. Já no século XXI, a mesma imagem é encontrada por Mwadia Malunga em terras moçambicanas. A narrativa explora as relações de sincretismo religioso e choque cultural entre portugueses, indianos e africanos, tecendo um retrato do mundo globalizado.
4. Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane
5. Desonra, de J. M. Coetzee
Ganhador do Booker Prize, Desonra conta a história do professor de literatura David Lurie, que é expulso da universidade onde lecionava após ter um caso com uma aluna e ser acusado de abuso. Caindo em desgraça, Lurie viaja para a propriedade rural de sua filha, onde entra em contato com a situação da África do Sul pós-apartheid.
6. Sem gentileza, de Futhi Ntshingila
Em meio ao apartheid sul-africano, mãe e filha têm que enfrentar e superar adversidades como a pobreza e o medo da AIDS. Sem gentileza conta a trajetória de libertação pessoal de ambas as personagens, que, diante de uma sociedade machista, lutam para que suas vozes sejam ouvidas.
7. Death and the King’s Horseman, de Wole Soyinka
Essa peça teatral do vencedor do Nobel de Literatura, Wole Soyinka, ainda sem edição brasileira, se baseia nos acontecimentos de uma antiga cidade da Nigéria colonial. A trama começa quando, após a morte do rei, espera-se que o chefe da cavalaria real cometa suicídio para acompanhar seu governante ao céu. Ele é, entretanto, impedido do ato pelas autoridades locais.
8. Eva, de Germano Almeida
Iniciada nos anos 60 em Lisboa, a história passa pelo Cabo Verde pós-independência e termina novamente na capital portuguesa. No centro da trama estão uma mulher, Eva, e três homens apaixonados por ela. O romance recompõe a trajetória da fascinante personagem, em um livro repleto de citações literárias de nomes como Gabriel García Márquez, Franz Kafka e de diversos poetas caboverdianos.
9. O mundo se despedaça, de Chinua Achebe
O livro conta a história do guerreiro nigeriano Okonkwo, da etnia ibo, em um momento de gradual desintegração da vida tribal ocasionada pela chegada do colonizador branco. O choque de valores entre a tribo e os missionários britânicos desestabiliza a vida do clã de Okonkwo, um dos principais opositores dos missionários e que vê a adesão à nova crença religiosa de muitos de seus conterrâneos.
10. Os da minha rua, de Ondjaki
Nesse livro, composto por 22 textos, Ondjaki traz à tona suas memórias da infância em Luanda entre as décadas de 1990 e 1980, evocando músicas, cheiros e lugares. Registrando o cotidiano através de uma linguagem próxima da oralidade, o escritor lembra de amigos, da família, das festas e das paixões. Biografia e ficção se mesclam em um relato intimista que contém, ao mesmo tempo, uma perspectiva histórica.
11. O vendedor de passados, de José Eduardo Agualusa
O vendedor de passados conta a história de Félix, um albino que mora em Luanda, na Angola, e que tem como ofício traçar árvores genealógicas em troca de dinheiro. Empresários, políticos e generais têm genealogias de luxo fabricadas por ele, que busca garantir a seus clientes eles um bom passado.
12. Feras de lugar nenhum, de Uzodinma Iweala
Narrado pelo pequeno Agu, Feras de lugar nenhum conta a chegada de uma milícia cruel à aldeia do garoto. Sozinho e longe de sua família, Agu é recrutado como soldado do grupo e vivencia os horrores de um conflito que não compreende. Enquanto os seres humanos são reduzidos a feras violentas e primitivas, o narrador do romance perde sua inocência em meio às barbáries sofridas e executadas por ele.
13. A geração da utopia, de Pepetela
A geração da utopia acompanha um grupo de jovens que se depara com a Angola pós-independência após lutar em favor de um país livre. No livro, Pepetela revisita os valores revolucionários expostos em Mayombe, um de seus romances anteriores, e os confronta com o que foi de fato conquistado após a vitória sobre Portugal.
14. Nós matamos o Cão Tinhoso!, de Luís Bernardo Honwana
O livro de contos de Luís Bernardo Honwana, nascido em Moçambique, foi publicado em língua inglesa, em 1969, e logo obteve grande reconhecimento internacional. Fundacional da literatura moçambicana moderna, o livro retrata os sentimentos e aspirações de um povo que luta contra a opressão colonial.
15. Luuanda, de Luandino Vieira
Luuanda reúne três narrativas que retratam a realidade nos bairros pobres de Luanda, na Angola, onde o autor viveu. Vieira procurou ser o mais fiel possível à realidade de fome e desemprego, buscando na oralidade a inspiração de sua linguagem.
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