PEIXEIRA ZUNGUEIRA
Em gritos lírico poético
Vai depositando sua fé
Em seu corpo transporta rios de suores
Embutida em perfume péxico
Natural como cheiro cheirando águas marianas
Sol ardente excitando calor inférnico
Em passos gigantes e elegantes
Vai desfilando nas passarelas da Vida
Em seus passos dispersos
Nas periféricas de ombaka a Peixeira zungueira
Procura organizar o seu sofrimento disperso
Com seriedade no rosto
Ela curva naquela esquina e grita:
Olá péeee
Olá péeeee
Tem cachucho tem sardinha
Olá péeee
O rosto carregado de esperança
De domiciliar o peixe todo na distância
Van transportando o camandongo, P'ra intestinos anónimos
Em sol ardente pés pelados e comendo o chão
A boca seca canta pelo pão
Lá vai ela, fugindo dos que não pagam
Levando peixe as bocas famintas
Atrás da hora dose do almoço
Nos passos órfão do atraso
Procurando grelhas vazias
Chama a senhora do peixe " aquela tia "
Olá péeeee
Olá péeeee
Tem cachucho tem sardinha
Olá péeee
Perdendo-se dispersamente livre
Para estar livre do peixe
Derramando o suor do sacrifício
Van as mães umas atrás de Outras, de bairros em bairros
De becos intermináveis
Até as esquinas e ruas da banda
Aquela Senhora busca a dignidade e o sustento para sua pobre e nobre família
No sofrimento o peso é nulo
Em noites luarentosas sonha com o sexto
A beira de descansar da canseira
E da pele libertar a poeira
Napretura noturna abre sua solene oração P'ra os marinheiros
Trabalhar é zungar o nosso peixe honestamente e firme
O olhar direcionado a luta
Por nós e pelos filhos
Deixamos tudo
Mesmo apeando vamos até ao termino do mundo
Como a peixeira zungueira
Que do horizonte aos confins do leste
Vai bairruando
Solenemente entoando
O seu melódico canto
Aquele ai:
Olá péeeee
Olá péeeee
Tem cachucho tem sardinha
Olá péeeee
O instrumento de trabalho
O grito gritado na ânsia
Pela voz repleta de esperança
Sem se cansar ela canta
Assim;
Olá péeee!
Olá péeee
Tem sardinha tem tudo
Tem cachucho
Olá péeeeeee
Pedro Lincoln Santana
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