D E S P E R T A R
Acorda,
erguido como o sol sobre as montanhas...
Estende os braços
à vida que te chama,
e canta!...
Vai!...
E de cabelo ao vento,
constrói a vida pela raiz da dor no fogo das
entranhas.
Vai!...
E que os olhos
e os lábios
vejam e saibam
do fragor da luta...
Filho da terra que te deu o ser,
corre no impulso da enchente
tropical
dum sangue quente,
e em tempestades de amor
troveja e geme
na alegria de lutar
e de viver!
Sereno como o rio
que volta ao leito,
dá-te para os outros
– Seu irmão –
Irmãos que sejam como tu:
dos pés à boca
homens
que não neguem
a sua condição...
Há lobos
dispersos no caminho...
E vai,
a fronte juvenil
erguida
engrinaldada ao sol,
a Vida
confiante ao punho
dessas mãos viris...
Irmãos, vinde!...
o sol ergue-se nas montanhas.
A vida não se fecha,
a todas faz florir...
a vida tem de ser aberta –
sejamos nós o fruto e a oferta
da árvore do porvir...
Há-de vir.
Não importa
que seja amanhã
que foi ontem.
Só importa que venha.
Basta a certeza da chegada.
Vê-la como a montanha
a seguir na estrada
que a rodeia.
É certo o caminho,
incerto o tempo da jornada.
É certa a montanha
mais nada.
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